segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Nankim e Sumie



Nankim e Sumiê – Beleza com Conteúdo

Quando falamos de Nankim, logo nos vem a cabeça uma tinta liquida, preta e usada para arte-finalizações de trabalhos ou pinturas Japonesas e Chinesas, porém não imaginamos as riquezas por trás desse frasco de tinta. Uma das muitas riquezas é a arte Sumi, advinda da Caligrafia Chinesa e que foi se desenvolvendo até virar uma forma de expressão única e rica.

Vamos ver um pouco sobre a origem do Nankim:
Tinta nankim ou Tinta da China - um material corante, que veio originalmente da China, preparada com negro-de-fumo (pó-de-sapato) coloidal e empregada especialmente para desenhos e aquarelas.Desenvolvida pelos chineses há mais de dois mil anos, é constituída de nanopartículas de carvão suspensas em uma solução aquosa. Embora normalmente nanopartículas dissolvidas em um líquido se agreguem, formando micro e macro partículas que tendem a se depositar, se separando do líquido, os chineses antigos descobriram que era possível estabilizar a tinta nanquim pela mistura de uma cola (goma arábica) na solução com pó de carvão e água.
A nossa Tinta nankim é muito parecida com a Tinta sumi, de origem japonesa para a arte Sumi e que tem como composição fuligem, colas especiais (goma arábica), água e especiarias.


Um Pouco sobre a arte Sumi:
A arte Sumi foi introduzida no Japão no sétimo século chinês, cujas datas remontam a cerca de 2000 a.C. Ao longo do tempo, essa arte se estabeleceu como também típica japonesa, com grandes contribuições feitas pelo monge Toba-sojo, que desenhou “Choju Giga”, no período Heyan (795-1185), e Sesshu, no período Muramaki (1333-1587), considerado o primeiro estilo puramente japonês de desenho Sumi-e.
Para fazermos trabalhos utilizando a técnica de pintura Sumie temos que saber alguns poucos nomes , porém muito importantes, que se relacionam com os materiais utilizados. São estes: sumi (tinta), suzuri (bastão de tinta), bokusho (arte), kami (papel), e o fude (pincel, escova).
Sumie, também chamado “suiboku-ga”, refere-se à pintura japonesa de tinta monocromática, uma técnica que começou na China durante a Dinastia Sung (960-1274) e foi assimilada pelos japoneses no século XIV com a ajuda de monges Zen-Budistas.
Um fato importante, para entendermos um pouco sobre as pinceladas do Sumie é sabermos que o mesmo tem suas origens na caligrafia chinesa, por isso, as pinceladas utilizadas para se fazer um ideograma são as mesmas utilizadas para se fazer uma pintura.
O mais importante é que o Sumie representa não somente uma bela e singular forma de arte, mas também uma filosofia. Enquanto a maioria da pintura ocidental clássica teve como meta a descrição realista do mundo e seus objetos, o Sumie sempre foi expressão de percepção do artista. Pintores tentando capturar a essência de um objeto, pessoa, ou paisagem: mais importância para a sugestão que para o realismo.
Para retratar a simplicidade com que os artistas viam os fatos cotidianos, utilizavam somente a tinta preta que seria a maior simplificação da expressão. Enquanto que na pintura ocidental, utilizava-se de uma explosão de cores para se retratar os fatos cotidianos. Através dos traços rápidos e da inspiração momentânea, o artista mostrava naquele exato momento: sentimentos e pensamentos.
Alguns temas são uma recorrência dentro dessa arte: bambus, pássaros, carpas, ameixeiras, orquídeas, flores, e paisagens, não esquecendo aqueles ligados a temas religiosos como pinturas de patriarcas ou parábolas.
Atualmente, com o surgimento dos Nankins coloridos, existe uma tendência da aplicação de cores sobre trabalhos que antes eram apenas em tons de cinza, preto e branco. Além de cores, os temas passaram a mudar também: jogos, amigos, cartas, animais variados e monumentos históricos passaram a ser pintados com freqüência utilizando a técnica milenar do Sumie.


Fonte de pesquisas:
Partes de texto retirado do livro "Sumie - Um Caminho para o Zen" (Jordan Augusto, 2002)
http://www.bugei.com.br/bugei/mentais/sumie.asp